Um pouco de Sartre

O trecho do texto a seguir foi retirado Ipsis Literis do site:

http://poetamorto.do.sapo.pt/Sartre.htm

Eu enfatizei as partes importantes (na minha opinião):

A má fé é a atitude característica do homem que finge escolher, sem na verdade escolher. Imagina que seu destino está traçado, que os valores são dados; aceitando as verdades exteriores, "mente para si mesmo", que é o autor dos seus próprios actos. Não se trata propriamente de uma mentira, pois esta supõem os outros, para quem mentimos. A má fé se caracteriza pelo fato de o indivíduo dissimular para si mesmo, a fim de evitar fazer uma escolha, da qual possa se responsabilizar. Torna-se salaud (‘safado’, ‘sujo’). O homem que recusa a si mesmo aquilo que fundamentalmente o caracteriza como homem, ou seja, a liberdade. Nesse processo recusa a dimensão do "para si", torna-se um "em si", semelhante as coisas. Perde a transcendência, reduz-se a factualidade.

Sartre chama esse comportamento de espírito de seriedade. O homem sério é aquele que recusa a sua liberdade para viver o conformismo e a "respeitabilidade" da ordem estabelecida e da tradição. Esse processo e exemplificado no conto "A infância de um chefe". Um tipo de má fé descrito por Sartre é do garçom que age não como um "para si", mas como um "ser para o outro", comporta-se como deve se comportar um garçom, desempenhando o papel de garçom, de tal forma que ele se vê com os olhos dos outros. É assim que Sartre descreve em "O ser e o Nada": " consideremos esse garçom de café. Tem um gesto vivo e apurado, preciso e rápido, dirige-se aos consumidores num passo demasiado vivo, inclina-se com demasiado zelo, sua voz e seus olhos experimentam um interesse demasiado cheio de solicitude para o pedido do freguês (...), ele representa, brinca. Mas representa o que? Não é preciso observa-lo muito tempo para perceber: ele representa ser garçom de café".

Outro tipo de má fé é o da mulher que, estando com um homem, dissimula para si mesma o carácter sexual do encontro, deixando-se "seduzir" por ele.

Em L’Être et le néant, essai d’ ontologie phénomenologique (1943; O ser e o Nada, ensaio de ontologia fenomenológica), propõe Sartre a sua filosofia, baseado na ontologia existencialista de Martin Heidegger. O ponto de partida é o "projecto" de vida do indivíduo, que se choca com os projetos dos outros. Como afirma o título de um escrito posterior, L’Existencialisme est um Humanisme (1946, O existencialismo é um humanismo) o existencialismo é humanista. Como humanismo, filosofia em cujo centro se encontra o homem, o existencialismo de Sartre tem o projecto de dominar o mundo. Mas esse mundo esta cheio de elementos maus; para domina-los, também é preciso arriscar o mal. A liberdade da decisão inclui a liberdade de fazer o mal. Só a decisão é humana e é livre.


Agora uma parte interessante que extraí da wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Paul_Sartre):

O outro

As outras pessoas são fontes permanentes de contingências. Todas as escolhas de uma pessoa levam à transformação do mundo para que ele se adapte ao seu projeto. Mas cada pessoa tem um projeto diferente, e isso faz com que as pessoas entrem em conflito sempre que os projetos se sobrepõem. Mas Sartre não defende, como muitos pensam, o solipsismo. O homem por si só não pode conhecer-se em sua totalidade. Só através dos olhos de outras pessoas é que alguém consegue se ver como parte do mundo. Sem a convivência, uma pessoa não pode perceber-se por inteiro. "O ser Para-si só é Para-si através do outro", ideia que Sartre herdou de Hegel. Cada pessoa, embora não tenha acesso às consciências das outras pessoas, pode reconhecer neles o que têm de igual. E cada um precisa desse reconhecimento. Por mim mesmo, não tenho acesso à minha essência, sou um eterno "tornar-me", um "vir-a-ser" que nunca se completa. Só através dos olhos dos outros posso ter acesso à minha própria essência, ainda que temporária. Só a convivência é capaz de me dar a certeza de que estou fazendo as escolhas que desejo. Daí vem a ideia de que "o inferno são os outros", ou seja, embora sejam eles que impossibilitem a concretização de meus projetos, colocando-se sempre no meu caminho, não posso evitar sua convivência. Sem eles o próprio projeto fundamental não faria sentido.


Notem que eu quis enfatizar a frase interessante de Sartre que é "O inferno são os outros".

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