Exemplo de uso da teoria da relatividade de Einstein com um exemplo de acelerador de partículas
A teoria da relatividade de Einstein, tanto a relatividade restrita quanto a geral, tem implicações importantes no funcionamento de aceleradores de partículas. Vou dar um exemplo prático de como a relatividade restrita entra em jogo.
Exemplo: Acelerador de partículas e a relatividade restrita
Imagine um acelerador de partículas, como o Grande Colisor de Hádrons (LHC), na Suíça. Ele acelera partículas subatômicas, como prótons, a velocidades próximas à da luz. De acordo com a relatividade restrita de Einstein, à medida que a velocidade de uma partícula se aproxima da velocidade da luz, sua massa efetiva (ou massa relativística) aumenta. Isso significa que a partícula se torna progressivamente mais difícil de acelerar à medida que sua velocidade aumenta.
O que acontece na prática:
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Acelerando partículas: No LHC, prótons são acelerados a velocidades altíssimas. À medida que eles se aproximam de 99,9% da velocidade da luz, a teoria da relatividade prevê que a energia necessária para continuar acelerando esses prótons aumenta de forma significativa.
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Aumento da massa relativística: Segundo a relatividade restrita, a massa de um objeto não é uma constante. A massa de um próton, por exemplo, aumenta à medida que ele se aproxima da velocidade da luz. Isso ocorre porque a fórmula da energia cinética relativística é dada por:
onde:
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é a energia total da partícula,
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é a massa da partícula (a massa em repouso),
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é a velocidade da luz,
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é o fator de Lorentz, dado por:
onde é a velocidade da partícula.
Esse fator de Lorentz aumenta à medida que se aproxima de , fazendo com que a energia necessária para aumentar ainda mais a velocidade da partícula também cresça significativamente.
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Implicação para o acelerador: Se um acelerador de partículas não levasse em conta a relatividade, ele subestimaria a quantidade de energia necessária para acelerar as partículas a velocidades próximas à da luz. Em vez de simples aceleração linear, os aceleradores precisam ajustar suas expectativas de acordo com o aumento da massa relativística.
Em resumo:
A relatividade restrita é fundamental no design de aceleradores de partículas porque descreve como a massa de uma partícula aumenta à medida que ela se aproxima da velocidade da luz. Isso implica que os aceleradores precisam fornecer energia crescente para acelerar as partículas a velocidades cada vez mais altas, e também afeta os cálculos de como as partículas interagem durante os experimentos.
Esse fenômeno de aumento da massa é uma das razões pelas quais, no LHC, as partículas nunca atingem exatamente a velocidade da luz, mas se aproximam muito dela.
Tabela para entender melhor a energia necessária:
A seguir, uma tabela com valores de energia () e o fator de Lorentz (), vamos usar a equação:
onde é dado por:
E a massa do próton (ou qualquer partícula que estamos considerando) é cerca de kg.
Para simplificar, vamos considerar uma partícula com uma massa em repouso de 1 e ver como o fator de Lorentz () muda para diferentes velocidades (como frações da velocidade da luz ) e como isso afeta a energia .
Aqui está uma tabela com diferentes valores para (a fração da velocidade da luz) e os valores correspondentes de e :
(fração da velocidade da luz) | (fator de Lorentz) | Energia (em termos de ) |
---|---|---|
0.1 | 1.005 | 1.005 |
0.2 | 1.022 | 1.022 |
0.3 | 1.049 | 1.049 |
0.4 | 1.067 | 1.067 |
0.5 | 1.095 | 1.095 |
0.6 | 1.250 | 1.250 |
0.7 | 1.400 | 1.400 |
0.8 | 1.667 | 1.667 |
0.9 | 2.294 | 2.294 |
0.95 | 3.202 | 3.202 |
0.99 | 7.088 | 7.088 |
0.999 | 22.366 | 22.366 |
0.9999 | 70.710 | 70.710 |
1.0 | Infinito | Infinito |
P.S.:
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: A velocidade da partícula como fração da velocidade da luz.
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: O fator de Lorentz. À medida que a partícula se aproxima da velocidade da luz, o valor de aumenta rapidamente.
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: Energia total da partícula. Como aumenta, a energia total da partícula também aumenta, o que significa que é necessário mais energia para continuar acelerando a partícula conforme ela se aproxima da velocidade da luz.
Observações:
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Para , a partícula está apenas ligeiramente mais rápida que em repouso, então é quase 1 e a energia total é quase a energia de repouso.
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À medida que se aproxima de 1 (velocidade da luz), o fator de Lorentz se torna muito grande, e a energia necessária para continuar acelerando a partícula cresce exponencialmente. Isso mostra o impacto da relatividade no acelerador de partículas.