Fake News sobre Che Guevara
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Imbecis frequentemente espalham mentiras ou distorções sobre figuras históricas como Che Guevara por razões ideológicas e políticas. Eis algumas motivações centrais:
1. Demonização de símbolos da esquerda
Che Guevara se tornou um ícone revolucionário e um símbolo poderoso da esquerda mundial. A extrema-direita, que se opõe radicalmente às ideias socialistas ou comunistas que ele defendia, tem interesse em desmoralizá-lo para deslegitimar essas ideologias. Mentiras ajudam a transformar Che em um vilão absoluto, facilitando a rejeição total de suas ideias.
2. Guerra cultural
Na guerra cultural entre esquerda e direita, Che representa resistência ao imperialismo, ao capitalismo e à dominação dos EUA na América Latina. Criar uma narrativa negativa sobre ele ajuda a alimentar o "nós contra eles", fortalecendo a identidade da extrema-direita.
3. Apelo emocional
Muitas das fake news sobre Che Guevara (como dizer que ele era racista, homofóbico ou assassino sádico) são criadas para provocar repulsa e emoções fortes, o que torna essas mentiras mais eficazes na internet. Elas se espalham mais rápido do que análises históricas sérias.
4. Simplificação da história
Figuras como Che são complexas: ele participou de ações armadas, fez parte de regimes autoritários, mas também lutou por justiça social e contra o colonialismo. A extrema-direita reduz essa complexidade a caricaturas, dizendo que ele era apenas "um assassino", por exemplo, o que serve para justificar a criminalização de movimentos de esquerda.
Mentiras que circulam sobre ele e o que dizem os historiadores a respeito:
🔴 MENTIRA 1: “Che era racista e odiava negros”
📌 Fato:
Essa mentira é baseada em uma frase tirada de contexto de uma carta que Che escreveu em sua juventude (1952), durante uma viagem pela América Latina. Ele fez observações problemáticas sobre costumes e pessoas que conheceu, inclusive comentários depreciativos — o que reflete preconceitos comuns da época e da sua classe social.
➡️ Porém:
Mais tarde, Che combateu ao lado de guerrilheiros negros em Cuba e no Congo. Um dos seus principais aliados na guerrilha cubana era Juan Almeida Bosque, um comandante negro que virou herói nacional em Cuba. Che também escreveu contra a discriminação racial em diversos discursos oficiais.
🔴 MENTIRA 2: “Che odiava homossexuais e mandava prender gays”
📌 Fato:
Cuba, nos anos 60, de fato perseguiu pessoas LGBTQIA+, e essa repressão é amplamente criticada hoje, inclusive por setores da esquerda. No entanto, não há evidências sólidas de que Che tenha idealizado ou liderado essa política.
➡️ Contexto:
A repressão se intensificou após a morte de Che (1967), principalmente sob o comando de Raúl Castro e setores do governo cubano ligados à ortodoxia soviética. Documentos históricos e testemunhos não associam Che diretamente à repressão sistemática de homossexuais.
🔴 MENTIRA 3: “Che era um psicopata assassino que matava por prazer”
📌 Fato:
Che participou de tribunais revolucionários em Cuba logo após a queda de Batista, onde ex-membros do regime ditatorial foram julgados por tortura e assassinatos. Houve execuções — algo que ele próprio admitiu —, mas sempre como parte de processos (ainda que sumários) típicos de guerras revolucionárias.
➡️ Historiadores sérios (inclusive críticos do comunismo) como Jon Lee Anderson apontam que Che não matava por prazer, e que suas ações, embora controversas, foram motivadas por convicções políticas e guerra revolucionária. Reduzir isso a “prazer por matar” é distorção deliberada.
🔴 MENTIRA 4: “Che era um fracassado militar que só causava destruição”
📌 Fato:
Che foi um dos principais líderes militares da Revolução Cubana. Liderou campanhas cruciais (como a Batalha de Santa Clara) que ajudaram a derrubar Batista. Em outros contextos (como no Congo e na Bolívia), seus esforços falharam, mas isso não apaga sua competência militar em Cuba.
➡️ A extrema-direita gosta de enfatizar apenas os fracassos para tentar ridicularizá-lo como “incompetente”.
🔴 MENTIRA 5: “Che odiava a liberdade e queria impor uma ditadura totalitária”
📌 Fato:
Che defendia uma revolução socialista baseada na justiça social, igualdade econômica e anti-imperialismo. Isso incluía o modelo de partido único, inspirado em Marx e Lenin — o que sim, restringia liberdades liberais (como liberdade de imprensa e multipartidarismo), mas não porque ele “odiava a liberdade”.
➡️ Ele via a democracia liberal como uma ferramenta de dominação burguesa. Isso é ideológico, não um ódio pessoal à liberdade.
📚 1. Che Guevara: Uma Biografia – Jon Lee Anderson (1997)
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Perspectiva: Neutra / jornalismo investigativo
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Resumo: Essa é considerada a biografia mais completa sobre Che Guevara. Jon Lee Anderson entrevistou amigos, familiares, ex-companheiros de guerrilha e teve acesso aos arquivos pessoais de Che.
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Por que ler? Mostra Che como um ser humano complexo: idealista, contraditório, duro, mas também profundamente ético segundo seus próprios princípios.
📚 2. A vida em vermelho: uma biografia de Che Guevara – Jorge Castañeda (1998)
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Perspectiva: Centro-esquerda crítica
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Resumo: Castañeda, ex-chanceler do México, admira Che, mas critica muitas de suas estratégias e escolhas políticas.
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Por que ler? Excelente para quem quer uma visão crítica, mas sem cair em caricaturas ideológicas.
📚 3. Che Guevara: A Revolutionary Life – Paco Ignacio Taibo II (1997)
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Perspectiva: Esquerda simpática
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Resumo: Um relato apaixonado e bem pesquisado, que enfatiza o lado heróico e internacionalista de Che.
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Por que ler? Bom para entender o carisma de Che e o porquê de ele ter se tornado um ícone mundial.
📚 4. Exposing the Real Che Guevara: And the Useful Idiots Who Idolize Him – Humberto Fontova (2007)
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Perspectiva: Extrema-direita anticomunista
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Resumo: Livro extremamente crítico, escrito por um cubano-americano anti-Castro. Acusa Che de ser assassino, racista e sádico.
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Por que ler com cautela? Útil para conhecer os argumentos da extrema-direita, mas o livro é cheio de exageros, distorções factuais e falta de rigor histórico.
📚 5. Che Guevara: Política da Rebeldia – Michael Löwy
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Perspectiva: Marxista libertário
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Resumo: Uma leitura filosófica e política sobre Che, escrita por um dos principais intelectuais marxistas brasileiros.
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Por que ler? Analisa a utopia revolucionária de Che com profundidade teórica, sem sectarismo.
BÔNUS – Documentários sérios:
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🎥 “Che” (2008), de Steven Soderbergh – Uma dramatização dividida em duas partes, baseada no livro de Jon Lee Anderson.
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🎥 “Ernesto Che Guevara: Le Journal de Bolivie” (1994) – Documentário com base em seu diário na Bolívia.
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